Agroindústria
Após invasão do Capitólio, democratas preparam segundo pedido de impeachment de Trump
Artigos indicariam incitação de violência contra o governo dos Estados Unidos e citação a telefonema com pedido para encontrar votos a favor de Trump na Geórgia. Nenhum presidente no país sofreu dois processos de impeachment antes; processo preci
- - G1 / FolhaGO
Parlamentares democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos planejam apresentar acusações de má conduta na próxima segunda-feira, o que poderia levar ao segundo processo de impeachment aberto contra o presidente Donald Trump, afirmaram duas fontes familiarizadas com o assunto, após uma multidão violenta de apoiadores de Trump invadir o Capitólio norte-americano em um ataque à democracia do país.
Com a maioria na Câmara, os democratas parecem determinados a fazer história: nenhum presidente norte-americano sofreu dois processos de impeachment antes.
Mas não está claro se os parlamentares conseguiriam remover Trump do cargo, já que um processo de impeachment levaria a um julgamento no Senado, onde seus colegas republicanos ainda detêm a maioria.
Importantes democratas pediram que o vice-presidente Mike Pence e o gabinete de Trump evocassem a 25ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que permite a remoção do presidente caso ele esteja inapto a exercer seus deveres oficiais. Pence se opõe à ideia, segundo um assessor.
Os democratas, que disseram que a votação do impeachment poderia acontecer no decorrer da semana, esperam que a ameaça de impeachment possa intensificar a pressão sobre Pence e o gabinete para agir pela remoção de Trump antes do final de seu mandato em duas semanas.
Apoiadores de Trump ocupam a Rotunda do Capitólio — Foto: Saul Loeb/AFP
Fontes disseram que os artigos de impeachment, que são as acusações formais de má conduta, foram elaborados pelos deputados democratas David Cicilline, Ted Lieu e Jamie Raskin.
Uma cópia da medida circula entre membros do Congresso e acusa Trump de "incitação de violência contra o governo dos Estados Unidos" em uma tentativa de reverter sua derrota para Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.
Os artigos também citam a ligação de uma hora de duração de Trump com o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, na qual ele ordena que se "encontrem" mais votos para reverter a vitória de Biden no Estado.
Ao deixar o Capitólio após uma teleconferência de mais de três horas com os democratas da Câmara, Pelosi afirmou a jornalistas que "a conversa vai continuar. Temos várias opções até agora" para possivelmente remover Trump do cargo.
"Desequilibrado"
Pelosi chamou Trump de "desequilibrado" nesta sexta-feira e disse que o Congresso precisa fazer o possível para proteger os norte-americanos, apesar do mandato de Trump acabar no dia 20 de janeiro, quando Joe Biden será empossado.
Mike Pence, vice-presidente dos EUA, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, durante sessão do Congresso americano para certificar a vitória de Joe Biden, na quarta-feira (6) — Foto: Saul Loeb/Pool via Reuters
Pelosi também disse que havia conversado com o general de mais alta patente no país, o chefe do Estado-Maior Conjunto, Mark Miley, sobre prevenir que Trump inicie hostilidades ou lançamento de uma arma nuclear.
O desenrolar extraordinário acontece dois dias após Trump incentivar centenas de seus apoiadores a marcharem até o Capitólio, levando a uma cena caótica na qual multidões romperam a segurança e invadiram o prédio, forçando a retirada de pessoas de ambas as Câmaras e deixando cinco mortos, incluindo um policial.
O senador Ben Sasse, de Nebraska, disse que avaliaria o apoio a um processo de impeachment. Sasse, um crítico de Trump, disse à CBS News na sexta-feira que "certamente consideraria" o pedido de impeachment pois o presidente "desrespeitou seu voto".
A senadora republicana Lisa Murkowski disse que Trump deveria renunciar imediatamente e que se o partido não conseguir se separar dele, ela não tem certeza sobre seu futuro na legenda.
Aliados de Trump, incluindo o senador Lindsey Graham e o líder republicano na Câmara, Kevin McCarthy, pediram que os democratas descartem discussões sobre impeachment para evitar aumentar as divisões.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos conduzida quinta e sexta-feira mostrou que 57% dos norte-americanos querem que Trump seja removido imediatamente do cargo após ele incitar milhares de seus seguidores a marcharem para o Capitólio. Cerca de 70% também desaprovaram as ações de Trump antes da invasão do Capitólio.
Se a Câmara aprovar o impeachment de Trump, a decisão de removê-lo ou não caberá ao Senado, controlado pelos republicanos, que já o absolveu antes. Como o Senado retorna do recesso no dia 19 de janeiro, as chances de um impeachment parecem poucas.
A remoção de um presidente dos Estados Unidos necessita dos votos de uma maioria de dois terços no Senado. O senador republicano Mitch McConnell, líder da maioria republicana na casa, não comentou sobre a possibilidade.
Vídeos: Manifestantes pró-Trump invadem Congresso dos EUA