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Documentário resgata sonhos e angústia de famílias do Palace II
- EBC



Indenização parcelada
Segundo o advogado Eduardo Lutz, que representa a Associação de Vítimas do Palace II, as famílias vêm recebendo a indenização de forma parcelada, conforme os bens que pertenciam a Naya são leiloados. O total recebido, porém, ainda sequer atingiu a metade dos R$ 180 milhões devidos a todas elas, diz Lutz. Ele explica que os valores variam de acordo com os apartamentos e os prejuízos da tragédia, o que inclui a morte das oito vítimas. Com 48 anos quando entrou no caso, o advogado hoje tem 69. Seu parceiro na defesa das famílias, o advogado Nelio Andrade, morreu antes de ver o fim do processo. “Para os próximos passos, falta localizar os próximos bens para levar a leilão. Nosso trabalho tem sido descobrir onde está esse patrimônio”, conta Eduardo. Ele espera que o filme sensibilize autoridades a acelerar o ressarcimento.Longa espera
A presidente da associação de vítimas do Palace II, Rauliete Barbosa Guedes, de 70 anos, conta que a espera de mais de 21 anos foi longa demais para cerca de 15 ex-moradores do prédio. Entre 1998 e 2019, mais de uma dezena morreu antes de receber a indenização. Ela conta que recebe constantemente contatos dos ex-moradores interessados em saber sobre o andamento do processo. Em abril, chegou a notícia da morte de mais uma de suas ex-vizinhas. “Era uma pessoa que contava dia e noite com receber o dinheiro para comprar de novo sua casinha. Muitas pessoas ali eram de idade, que queriam se aposentar, descansar e caminhar na praia”, diz Rauliete, que viu a tragédia tomar muitas formas na vida dos associados. “Tem gente que ficou com problemas de alcoolismo, síndrome do pânico, problemas psicológicos, separações, brigas. Tudo o que você imaginar de ruim aconteceu com essas famílias”, comenta.História resgatada
Assistir ao documentário foi importante, na visão dela, por poder ver a história resgatada. “O Brasil vive um caso novo a cada dia, então acabamos ficando esquecidos, e as pessoas vão se desgastando”, destaca ela. Rauliete diz não poder deixar de relembrar o Palace II depois do desmoronamento dos prédios na Muzema, também na região da Barra da Tijuca, ocorrido em abril deste ano. “Estivemos lá [na Muzema] quando aconteceu. Mexeu muito com a gente. Foi como se estivesse acontecendo novamente”, ressalta.